A vida é um livro com vários capítulos pelos quais passamos sem nos apercebermos e darmos muita importância.
Crescemos física e intelectualmente, entramos no mercado de trabalho, alcançamos o vértice da pirâmide de Maslow, cuidamos dos nossos descendentes, e um dia, quase sem dar por isso, uma nova etapa acontece.
Durante vários anos subi a serra da Amoreira por uma estrada de terra batida, para levar a minha filha ao ICE. Hoje, e já lá vão uns bons anos, volto a fazer o mesmo percurso, mas com objectivos diferentes: frequentar a Universidade Sénior.
Porquê e para quê? A sociedade actual tem como valores prioritários, entre outros, a produção, a competitividade, a rentabilidade, o consumismo e o lucro.
De acordo com esses princípios, a partir de certa idade, o ser humano vai perdendo capacidades e passa a ter muita dificuldade em competir, e em atingir determinados objectivos. Para um grande número de pessoas, a passagem à aposentação, merecida e ou indesejada, é considerada uma atitude egoísta da sociedade actual. Voluntária ou involuntariamente as pessoas vão sendo substituídas por outras mais jovens, com outras capacidades e novos saberes, perdendo-se um manancial imenso de saberes de experiências feito. Ao afastamento do mercado de trabalho, por vezes vem associada a diminuição do poder de compra e o aumento da dependência de terceiros.
Trocam-se os colegas de trabalho pelos netos… substitui-se o “trabalho de uma vida” pelo jardim e ou pela lida doméstica. Muda-se o bio ritmo. Os ponteiros do relógio parecem mais lentos. O tempo que era escasso foi substituído por momentos de ócio. A solidão acontece. A inactividade intelectual traz consigo outras mazelas.
Para evitar o “naufrágio com terra à vista”, cujos tripulantes são um sem número de felizes contemplados, que conseguiram o estatuto da aposentados, e que ainda são detentores de capacidades físicas e intelectuais (e quiçá económicas), surgiram as universidades para seniores. Para eles (aposentados, onde me incluo) faço minhas as palavras de Charlie Chaplin: A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, canta, chora, dança, ri, e vive intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
Maria Lídia Dias
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