domingo, 17 de maio de 2009

Poemas Seleccionados

A luz pequenina

Na noite mais escura do meu ser
Há sempre uma luzinha a cintilar.
É uma luzinha pequenina e trémula
Que vigia a minha noite, sem cessar,
Tal como o farol, que do alto da falésia,
Guia o barquinho na escuridão do mar.

E quando o sol radiante reaparece
E a luzinha eu deixo de ver,
Eu sei que, quando a noite voltar,
Ela lá está, volta a aparecer.

E que luzinha é essa? - diz alguém.
Não será somente fantasia?
Mas eu sei que aquela luzinha pequenina,
Que ilumina a noite do meu ser,
Irá cintilar sempre até ao amanhecer
Dum novo e radioso dia.

Fernanda Tarelho



Discrição

Olhai as violetas
pequeninas, discretas,
mas tão perfumadas.
Exalam fragância,
que a longas distâncias
as faz procuradas.

E o humilde croco
pelo campo disperso?
Mal se dá por ele.
Porém, no seu coração,
são oiro os seus estames,
o oiro do açafrão.

Salete Brás Serra

Alcinda Santos

UMA EXPERIÊNCIA DE VIDA NA UNIVERSIDADE SÉNIOR DO INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS EDUCATIVAS

Muito, muito casualmente, soube da existência da Universidade Sénior a funcionar no ISCE.

Logo que me foi possível, contactei a Instituição, e inscrevi-me no primeiro semestre do ano lectivo de 2008/2009.

AS MINHAS EXPECTATIVAS

- Que a U.S. me desse a possibilidade de:
1- Desenvolver convívios saudáveis, brincar a ser jovem, desafiar criatividades…;
2- Usar poder de resolução baseado em saberes de experiências feito…
3- Realizar novas aprendizagens…
4- Afastar o espectro da insana “Terceira Idade”…, solitária, tremenda, angustiante, frustrante…

- Enfim: Esquecer acima de tudo que o envelhecimento é um processo natural, nada, mesmo nada fácil, por muito preparado que se esteja, ou se pense estar.

O QUE ENCONTREI NO ISCE:

A COORDENADORA DOS SÉNIORES
A D. Maria do Céu, extremamente afável, discreta, responsável e sempre disponível.

OS PROFESSORES:
Antes de entrar neste capítulo que me é tão gratificante, gostaria de salientar que a totalidade dos professores que está a exercer na U.S. o faz a título de voluntariado, (gratuitamente) o que revela, logo à priori, a sua grandiosidade de carácter, disponibilidade e humanidade louváveis;

Assim vou permitir-me falar um pouco sobre eles e, se me permitirem, opinar sobre o Professor em geral e até “brincar” um pouco com os meus “Profs. do Primeiro Semestre, porque para mim:.

Ser professor

É o cume da esperança na remoção de obstáculos,na capacidade de criar, de inovar, de ensinar a aprender, a descobrir, a conhecer, a recapitular…

É o não desanimar, apesar da conjuntura social, qualquer que ela seja.

É o esquecimento das horas em que necessariamente tem que renovar conhecimentos, sempre aberto a novas tecnologias e descobertas científicas.

É o “descurar” necessário de algum apoio à família, porque um professor não tem horário de trabalho.

É o ver e o rever de textos com/sem/alguns/conhecimentos apreendidos ou não, num esfregar de olhos cansados pela exaustão, pelo enorme esforço despendido, tão, tão ignorado por tantos…

Tanto haveria a dizer mais sobre essa GRANDE, MAGNÍFICA profissão, mas fico-me por aqui.

Sem querer melindrar nenhum dos meus “Profs” do 1º semestre, até porque todos me merecem o maior respeito e amizade, todos eles tão diferentes e tão iguais na prossecução e consecução do seu objectivo: repartir parte do seu tempo connosco, partilhando os seus saberes, atrevo-me agora a “Brincanalisar” sobre cada um deles:

* O Dr. Rui Lourenço: professor de Informática, pontual, eficiente, paciente, carácter de percursos rectilíneos, (certinho), sempre munido de um leve sorriso, mostrando disponibilidade total, dando atenção personalizada, repetindo e tornando a repetir os mesmos ensinamentos, sempre com a mesma paciência e atenção, a uma turma atenta, interessada, mas ainda pouco conhecedora. Um bom professor.

* A Mestre Nazaré Baptista, professora de Inglês, um espectáculo dentro do espectáculo que são as suas aulas, onde constantemente demonstra as suas enormes capacidades de comunicar, promover a interacção na aprendizagem, (repeat, repeat, listen and tell me, please), a sua camaradagem, incentivadas pela sua tão natural esfusiante e contagiante alegria. (Nunca esquecer: Em Inglês, os adjectivos, sempre no singular e antes do substantivo). É um “anjo” a falar a língua dos anjos que, em seu entender, eles (os anjos, claro) só podem falar inglês.

* O Dr. Liesmet Perez, professor de Espanhol, que, na sua maneira muito peculiar de comunicar, nos leva a partilhar do seu grande gosto por su nacionalidad, un bohemio (romântico) sonhador, homem grande com olhos de menino travesso, comunicador, amante de poesia que nos traz en audiciones, para daí partir para a ortografia, semântica e vocabulário, num trabalho sério, levado a brincar.

Su citación, “La felicidad no es más que hacer eterno lo pasajero”, diz muito sobre ele mesmo.

* O Dr. Manuel Varges, o político por excelência. Toda a sua postura é política e neutra enquanto professor de Economia Social e Política.

Sempre atento ao que se passa diariamente em Portugal e no mundo, explica com paciência e sabedoria o que são o“PIB” o “Sub-Prime” as “Off-Shores”, e tudo o mais que semanalmente acontece, duma forma simples, prática e intuitiva.

Dá gosto questioná-lo, porque nada deixa por esclarecer, fundamentando, e dando bases para que possamos estar por dentro dos acontecimentos, quer nacionais, quer internacionais

* O Dr. Diogo Teixeira, professor de dança, menino paciente, respeitador, sapiente, que, apesar de todas as quartas-feiras começar às nove da manhã connosco, e acabar o seu trabalho diário às nove da noite, não deixava de sorrir e às vezes até corar com algum “dixote” mais atrevido que eventualmente saísse de alguma de nós. Enfim, aquele menino educado e trabalhador que todos nós gostaríamos de ver no perfil dos nossos filhos.

COMENTÁRIO FINAL: Que bom que é estar aqui, com tais professores e tais colegas, também espectaculares.

Bem hajam por serem todos como são e também por todos contribuírem para me sentir feliz convosco, considerando que o tempo que dividimos, me enriquece e me enobrece.

O meu muito obrigado a todos


Mª Antónia Pereira Beirão

Sessão de Câmara

No dia 25 de Março de 2009, os alunos que frequentam as aulas de Economia Social e Política e de Direito na Universidade Sénior do I S C.E, estiveram nos Paços do Concelho, a assistir a uma Sessão da Câmara Municipal de Odivelas. Esta reunião foi presidida pela Drª Susana Amador na qualidade de presidente e os vereadores que compoem o executivo.

Connosco (os alunos), estiveram os professores Dr. Manuel Varges e Drª Natália Santos, que leccionam as respectivas cadeiras e a Drª Isabel Aires em representação da Instituição que frequentamos.

Fomos recebidos com a maior deferência, e consecutivamente saudados na generalidade das intervenções feitas pelos vereadores que intervieram na sessão.
O nosso particular agradecimento a todos que, em boa hora, contribuíram para a nossa presença nesta sessão de Câmara.

Atentos, procurámos ouvir o máximo, sobre saúde e mais Saúde, insistindo a Vereadora na não deslocação do CATUS para Sto António dos Cavaleiros, Educação e logística da EB1 de Caneças, Plataforma L24, Obras na Serra da Luz, tudo isto antes da ordem do dia.
Lamentamos já na Ordem do dia, as condições existentes não serem as ideais para uma melhor compreensão e audição dos temas em debate, dada a falta de som derivada de avaria eléctrica geral.

Por fim interveio a Drª Isabel Aires que agradeceu ao Executivo a nossa presença nesta sessão, a parceria feita com o ISCE, lembrando ao Vereador da área da saúde que seria uma boa iniciativa futura, estender aos Séniores do ISCE os rastreios e outras iniciativas tomadas, ou a tomar.

Foi oferecido um exemplar do livro” Anatomia de um Sonho” de Miguel Barbosa”, a todos e assim finalizámos com prazer e agradecimento, a oportunidade desfrutada.

Fica-nos porém, algum desgosto por não nos ter sido possível intervir e poder expôr dúvidas que trazíamos.

Mas outras ocasiões surgirão e com a experiência adquirida não deixaremos de nos inscrever, e, por agora, só nos resta agradecer mais uma vez.

Mª Antónia Beirão

O ano da confusão

Quando Júlio César foi nomeado pontífice de Roma, em 46 a.C.
as datas do calendário estavam completamente desfasadas dos acontecimentos. Então a conselho do astrónomo Sosivenes, o imperador fez com que o ano da sua coroação tivesse 445 dias, para acertar as datas com os fenómenos astronómicos. Chamaram-lhe, por isso, o ano da confusão. É o calendário, com este acerto - Juliano, em honra de Júlio César que hoje utilizamos, mas com um outro acerto mais: o do Papa Gregório XIII, em 1582, dando origem aos anos bissextos, porque o ano juliano excedia em 11 minutos e 14 segundos o ano solar.

Lulu Bom

NÃO SOU POETA

NÃO SOU POETA NEM ESCRITOR

TENHO FEITO DE TUDO UM POUCO
PARA ASSIM CONSEGUIR VIVER

GOSTAVA DE ENSINAR
TODO O POUCO QUE SEI
PARA VOLTAR A VER FELIZ
TUDO AQUILO QUE CRIEI

NEM SÓ DO PÃO VIVE O HOMEM
LÁ DIZ O VELHO REFRÃO,
CASA ONDE NÃO HÁ PÃO
TODOS RALHAM E NINGUÉM TEM RAZÃO

FUI BOM FILHO E SOU BOM PAI
TUDO ISTO ME DÁ PRAZER
NÃO SEI SE VALE A PENA VIVER
COM TANTA DESILUSÃO
NESTE MUNDO CÃO.

ADEUS COMPANHEIRO/AS UMA BOA PÁSCUA

Manuel Seixas

Poema para nós

As coisas que marcam o tempo,
cada qual tem seu papel,
o relógio,por exemplo,
implacável e cruel,
faz seu serviço de graça,e
passo a passo lentamente,
encolhe a vida da gente,
a cada hora que passa.

O espelho,fiel,sincero,
com ele ninguém se ilude,
agrada-nos na juventude,
reflecte força e beleza,
mas agride na velhice,
mostrando até a rabugice,
que é própria da natureza.

um abraço para todos os amigos e colegas.

Aline Rocha

DAR ” VIDA” à VIDA

Envelhecer!!!! Palavra assustadora……
 
Para uns é a perda da juventude, o fim da actividade laboral, a independência dos filhos, o principio do fim… “  a vida acabou…”  -     Infelizmente uma dura realidade na nossa sociedade…
 
Para outros, é o começo de uma nova etapa…  Há que seguir em frente. Procurar novas experiências, dar continuidade a projectos adiados,  e quem sabe, descobrir talentos escondidos … Agora há tempo, e a vida dá-nos sempre oportunidades!!!!
 
O pior inimigo nesta fase da vida é  “ já é tarde”  “já não tenho idade”   “já não vale a pena” em suma   a “inactividade”!!!
 
A idade física  nada tem  a  ver com a idade mental.  Se nos mantivermos  activos seremos sempre jovens.   A flexibilidade física e mental  é a base para uma boa qualidade de vida.
 Praticar  uma actividade física que dê prazer,  ter  a mente receptiva a novos conhecimentos e uma alimentação equilibrada,  supera o  envelhecimento…. é só um ciclo…
 
Há que agradecer às Universidades sénior, pois  têm sido uma mais valia para a população menos jovem.   Têm contribuído, e muito, para a integração de Idosos em muitas actividades,  e principalmente para os retirar do isolamento.  Um agradecimento muito especial a todos os colaboradores, pois sem eles este projecto não teria sido possível !!!
 
Fernanda Salvado

Trava Línguas

Uma cabra carga trapos,
Outra cabra trapos carga.
 
Paulo Pereira Pinto Peixoto
pobre pintor português
pinta perfeitamente
portas paredes e pias,
por pouco preço, patrão.
 
Se cem serras serram cem ciprestes,
seiscentas serras serram seiscentos ciprestes
 
Manuela Gonçalves

Frequentar a Universidade Sénior

Afastada do serviço por motivos de saúde, entra na reforma em Janeiro de 2007.
Os médicos aconselham a arranjar uma ocupação, não devia continuar em casa.
Se gostava de estudar óptimo, até porque já não seria castigada se as notas fossem menos boas.

Decorria o ano de 2007.
Estando interessada em frequentar uma Universidade para a Terceira Idade, na Câmara Municipal de Odivelas, deram-me o contacto do Instituto Superior de Ciências Educativas, onde iriam ter início aulas para seniores.
Telefonema feito, entrevista marcada! …
A simpatia das pessoas, a vista deslumbrante, a tranquilidade do local, contribuiu para que saísse já inscrita. As aulas foram e continuam a ser um sucesso, como se ensinar seniores fosse o que há de mais interessante na vida. Há sempre uma palavra de encorajamento, um sorriso reconfortante, nós seremos capazes! …
Durante o 1º semestre tivemos uma boa experiência com a disciplina de Poesia. Adorei. Só lamento não haver continuidade. Assim como aula de Português, nunca houve inscrições. A nossa língua é tão bonita! E dizem que é difícil! Acredito ser verdade, ouço cada barbaridade!!!

Maria Aline

Poder Local mais atento aos seniores

Condições de ocupação dos tempos livres seniores na Póvoa Santo Adrião

A Póvoa de Santo Adrião é uma das freguesias do Concelho de Odivelas, nos arredores da grande Lisboa. Segundo inquéritos aos habitantes desta freguesia, feitos pelas entidades oficias Câmara Municipal e Junta de Freguesia da Póvoa Santo Adrião, de todas as Freguesias de Odivelas a percentagem de satisfação com o seu local de residência é maior na Póvoa. Os Seniores têm razão para estarem satisfeitos, pois têm apoio domiciliário todos os dias úteis da semana, tanto na doença como na alimentação.
Para os que se podem deslocar existe o Centro de Dia onde podem praticar várias actividades. Aí encontram a Informática, o Chinquilho, Ginástica (2 vezes por semana), Hidroginástica (uma vez por semana) e Jogos de Cartas em salas confortáveis - principalmente no Inverno quando o frio aperta. Têm igualmente acesso a refeições que são confeccionadas no Centro de Dia. Esta valência dá uma certa segurança aos seniores desta freguesia pelo facto de saberem onde a comida é feita.
Aos fins-de-semana têm Baile. Podem assim distrair-se todos os domingos pois há sempre um grupo musical a actuar.
Tudo isto é possível graças ao apoio dado pelas entidades oficiais, nomeadamente Câmara Municipal de Odivelas, a Junta de Freguesia da Póvoa de Santo Adrião e a Segurança Social. Este é um trabalho que resulta da organização de uma equipa de voluntários, que se ocupam da coordenação de todas estas tarefas.
A acrescer a tudo isto existe ainda a possibilidade de frequência da Universidade Sénior facultada pelo Município em parceria com o ISCE.

João Santos Martins
Póvoa de Santo Adrião

Alegria à Vida

Eu saltei estes dias num ápice, enfim…
Girei minha cabeça, chorei, para Ti!

Sorri já. - Oi amiga assim já não dá.
Concentra e vira para cá.
Deixa vir todo o Mundo a TI!

Luta pela Vida, não a vais perder
Justa é a Vida, só há que Vencer!


ôôô
Alegria, sorrisos no ar…
Ai ai, já está decidido
Alegria vencer é lutar
Minha amiga, valho porque vivo!
Em cada dia vou procurar. Eu vou sorrir e amar…
Bem, bem, correndo eu vou….
Alegria, para a Luta aqui estou…
Ai ai, NOVA VIDA! Agora “EU SOU”



ISCE me ajuda e me abre à corrida
É aqui que levanto os astrais desta vida!

Já sorrio amiga, já tenho outro crer
Virei página, não mais vou sofrer
Deixo vir todo Mundo para MIM

Luto pela Vida não a vou perder
Justa é a Vida, só há que vencer!

ôôô
Alegria, sorrisos no ar…
Ai ai já está decidido
Alegria vencer é lutar
Minha amiga, valho porque vivo!
Em cada dia vou procurar. Eu vou sorrir e amar…
Bem, bem, correndo eu vou
Alegria, para a Luta aqui estou…
Ai ai, NOVA VIDA! Agora “EU SOU”


Alegria, sorrisos no ar…
Ai ai já está decidido
Alegria vencer é lutar
Minha amiga, valho porque vivo.


Alegria, sorrisos no ar…
Ai ai já está decidido!
Em cada dia vou procurar. Eu vou sorrir e amar…
Bem, bem, correndo eu vou
Alegria, para a Luta aqui estou…
Ai ai, “NOVA VIDA! Agora “EU SOU”

Poema/ canção
Instrumental da canção MAMMA MIA

Maria Guida F. Rodrigues/Informática II/ ISCE

Ciclos da vida – antes, durante e … depois?

A vida é um livro com vários capítulos pelos quais passamos sem nos apercebermos e darmos muita importância.
Crescemos física e intelectualmente, entramos no mercado de trabalho, alcançamos o vértice da pirâmide de Maslow, cuidamos dos nossos descendentes, e um dia, quase sem dar por isso, uma nova etapa acontece.
Durante vários anos subi a serra da Amoreira por uma estrada de terra batida, para levar a minha filha ao ICE. Hoje, e já lá vão uns bons anos, volto a fazer o mesmo percurso, mas com objectivos diferentes: frequentar a Universidade Sénior.
Porquê e para quê? A sociedade actual tem como valores prioritários, entre outros, a produção, a competitividade, a rentabilidade, o consumismo e o lucro.
De acordo com esses princípios, a partir de certa idade, o ser humano vai perdendo capacidades e passa a ter muita dificuldade em competir, e em atingir determinados objectivos. Para um grande número de pessoas, a passagem à aposentação, merecida e ou indesejada, é considerada uma atitude egoísta da sociedade actual. Voluntária ou involuntariamente as pessoas vão sendo substituídas por outras mais jovens, com outras capacidades e novos saberes, perdendo-se um manancial imenso de saberes de experiências feito. Ao afastamento do mercado de trabalho, por vezes vem associada a diminuição do poder de compra e o aumento da dependência de terceiros.
Trocam-se os colegas de trabalho pelos netos… substitui-se o “trabalho de uma vida” pelo jardim e ou pela lida doméstica. Muda-se o bio ritmo. Os ponteiros do relógio parecem mais lentos. O tempo que era escasso foi substituído por momentos de ócio. A solidão acontece. A inactividade intelectual traz consigo outras mazelas.
Para evitar o “naufrágio com terra à vista”, cujos tripulantes são um sem número de felizes contemplados, que conseguiram o estatuto da aposentados, e que ainda são detentores de capacidades físicas e intelectuais (e quiçá económicas), surgiram as universidades para seniores. Para eles (aposentados, onde me incluo) faço minhas as palavras de Charlie Chaplin: A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, canta, chora, dança, ri, e vive intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

Maria Lídia Dias

segunda-feira, 27 de abril de 2009

As Universidades da Terceira Idade. Um exemplo de educação para adultos.

As Universidades da Terceira Idade (UTIs) são o modelo de formação de adultos com mais sucesso no mundo e em Portugal. Consideramos as Universidade da Terceira Idade (adiante UTIs) como a “resposta social, que visa criar e dinamizar regularmente actividades sociais, culturais, educacionais e de convívio, preferencialmente para e pelos maiores de 50 anos. Quando existirem actividades educativas será em regime não formal, sem fins de certificação e no contexto da formação ao longo da vida”.
Existem actualmente milhares de UTIs no mundo inteiro, com base no exemplo francês ou no exemplo inglês, e apesar da primeira UTI ter surgido em Portugal apenas três anos após a criação da primeira em França, em 1973, só nos últimos cinco anos este modelo se implantou verdadeiramente como nascimento de dezenas de novas UTIs.
No modelo francês as UTIs são criadas pelas universidades tradicionais, tem professores remunerados, garante certificação e segue um modelo mais formal.
No modelo inglês, que Portugal segue, as UTIs nascem no seio de organizações sem fins lucrativos, os professores são voluntários e não garante certificação.
Para além de um modelo de formação de adultos e de um espaço de cultura e convívio, as UTIs são também um projecto de saúde uma vez que – estudos de investigação comprovam-no - melhoram a qualidade de vida e consequentemente a saúde dos seniores, assim como contribuem para a diminuição dos sintomas de doença depressiva.

Como surgem as UTI’s em todo o mundo

Introdução

As Universidades da Terceira Idade (UTIs) surgem com objectivos da melhoria da qualidade de vida dos seniores e da formação ao longo da vida. A Universidade da Terceira Idade ou Universidade Sénior é “a resposta social, desenvolvida em equipamento(s), que visa criar e dinamizar regularmente actividades culturais, educacionais e de convívio, para e pelos maiores de 50 anos, num contexto de formação ao longo da vida, em regime não-formal”

As Universidades da Terceira Idade surgiram na década de 70 em França na niversidade de Toulouse. Os princípios básicos destas universidades mantêm-se inalteráveis ainda hoje: Desenvolver o convívio salutar e útil entre os seniores, combater a exclusão social e proporcionar aos mais velhos a possibilidade de aprenderem ou ensinarem (promovendo a andragogia ou seja a arte e ciência de ajudar os adultos a aprender).
As UTIs são uma resposta social porque combatem o isolamento e a exclusão social dos mais velhos, principalmente a seguir à reforma; incentivam a participação dos seniores na sociedade; divulgam os direitos e oportunidades que existem para esta população; reduzem o risco de dependência e são um pólo de convívio.

Vários estudos nacionais e internacionais demonstraram (Jacob, 2005) que as UTIs, para além de um projecto educativo e formativo, são igualmente um projecto social e de saúde, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos seniores e prevenindo o isolamento e exclusão social.

Este movimento enquadra-se igualmente no projecto europeu de formação ao longo da vida ou educação permanente, que visa permitir aos cidadãos europeus passar livremente de um ambiente de aprendizagem para um emprego ou vice-versa, de uma região ou de um país para outro a fim de utilizar da melhor forma as respectivas competências e qualificações.

Assim, uma aprendizagem ao longo da vida aponta para um percurso de aquisição de competências que vai do ensino pré-escolar até à pósreforma, e abrange qualquer tipo de educação (formal e/ou não-formal).

São alguns dos objectivos do espaço europeu da aprendizagem ao longo da vida:

- Fomentar uma cultura da aprendizagem para motivar os aprendentes (potenciais), aumentar os níveis de participação e demonstrar a todos que é indispensável aprender em qualquer idade;

- Valorizar a educação e a formação. Isto significa dar valor aos diplomas e certificados formais, à aprendizagem não formal e informal a fim de poderem ser reconhecidos/valorizados todos os tipos de aprendizagem.

As UTIs são o modelo de formação de adultos com maior sucesso a nível mundial e que lhes proporciona um grande leque de actividade culturais, recreativas, científicas e motiva a aprendizagem.

As UTIs nacionais ministram cursos e disciplinas, dando primazia á divulgação cultural e convívio social, num sistema de educação informal, considerando-se esta como a aprendizagem que não é dispensada por um estabelecimento de ensino ou de formação e que não conduz tradicionalmente à certificação. É, todavia, estruturada em termos de objectivos, duração e recursos é intencional do ponto de vista do aprendente.

Este enfoco nos seniores justifica-se em grande medida pela demografia. Nos países ocidentais, actualmente, a esperança de vida é mais elevada, as condições económicas têm vindo a melhorar para um cada vez maior número de idosos, os cuidados de saúde estão mais generalizados e acessíveis, assim como o acesso à cultura e à educação.
O surgimento das reformas e pensões possibilita igualmente que os seniores se preocupem e de dediquem a outras causas que não só a subsistência. As idades de reforma são variáveis o que implica que os reformados de hoje sejam mais jovens do que os seus antepassados e consequentemente mais activos e dinâmicos.

Patricia Aurora Benitez Peixoto